Querido Diário…
É assim que se escreve? Eu geralmente não usaria um diário, mas dada a situação em que eu estou, deve ser melhor. Desde muito cedo, meu pai me diz que é melhor deixar ir do que se agarrar intensamente a algo, claro, ele geralmente diz isso quando tínhamos derrubado o copo de leite e havia o risco de começarmos a chorar, ou de Jacques tentar lamber o leite do chão, mas acho que isso se aplica a situação em que eu me encontro.
Opa, quem começa um diário assim? Primeiramente eu devia me apresentar pra você né?(por mais que você seja um diário… e sabe… não tenha pensamentos) Meu nome é Lucien Achilles Marchand, geralmente eu me apresentaria junto de meus irmãos, mas aqui sou só eu e você. Eu nasci na França e por mais que nosso pai às vezes nos force a treinar o francês, vivo na Inglaterra a muito tempo e logo quando fiz os famigerados onze anos, fui inscrito em Hogwarts, mas ainda assim, as vezes me pego sentindo saudade de uma possibilidade que eu nunca tive, de não estar na Inglaterra… De poder ter visto o mundo que meu pai viu, mas isso é loucura óbvio, é melhor deixar ir.
Divido minha casa e a vida com meus dois irmãos, Íris e Chester, os quais me dão sentimentos que variam pela data e hora do dia, mas, não são de grande ofensa a minha pessoa. Afinal, hoje mesmo, fomos para o Beco Diagonal,e tenho que dizer diário, foi bem divertido. Geralmente sou obrigado a aguentar vários níveis de loucuras provindas dos dois (não que eu não devolva na mesma moeda, óbvio) mas o passeio foi bom, acabei ganhando um Gato pelado ou Sphynx, como uma menina que estava comigo na loja apontou, ainda não dei a ele um nome, talvez eu o deixe sem nome. Imagina não ter um nome? Acho que ele seria mais interessante assim? Será que se eu não tivesse meu nome, eu seria mais interessante?...

Com muita educação,
             Lucien Marchand.

Querido Diário...
Querido diário é uma ova, eu acabei honestamente esquecendo de continuar escrevendo em você, com tanta coisa acontecendo na minha vida e nessa escola, quem não esqueceria?
Primeiramente, Hogwarts é uma confusão! Tanto no primeiro dia em que eu cheguei, quanto nas semanas seguintes, o sentimento honestamente era o mesmo: "O QUE EU TOU FAZENDO AQUI?". Sem piada, ainda bem que Íris estava comigo na maior parte desses momentos, eu reclamo mas ao menos graças a ela conheci um monte de pessoas, como a Morioka, os Mayfair(Os dois são gêmeos também, acredita nisso?) e até o Muspel, que eu conheci no Beco Diagonal, estava lá na mesma casa que eu.
Foram dias pacíficos até a maldita primeira aula de voo...
QUEM QUE INVENTOU QUE EU DEVIA SABER VOAR? Honestamente, se Muspel não estivesse lá, eu provavelmente teria caído dentro da minha própria sepultura logo de uma vez. O pior foi depois, que, enquanto estávamos voltando, ouvimos um barulhão numa estufa e quando fomos ver, estava tudo bagunçado e com mandrágoras gritando horrivelmente.
Diário, você sabe o que é uma mandrágora? É uma planta mais feia que Verugs na cara de um gnomo velho, honestamente, se essa planta não fosse útil ela provavelmente teria sido extinta de tão feia e barulhenta que é, mas ao menos, a experiência valeu de eu aprender uns feitiços bem interessantes como o Aquamenti e o Reparo, foi minha primeira vez fazendo eles e foi até ok... até eu ser mordido por uma dos malditos diabretes que estavam lá e acabei ficando até o fim do dia na enfermaria... acho que é por isso que eu demorei tanto para voltar pra você.
Bem cansado,
Lucien Marchand

 Eu falhei, querido diário.
  Eu... eu honestamente não esperava falhar assim, eu não queria falhar assim... Como que eu não consegui conjurar luz? Como que eu não consegui fazer uma coisa tão básica como ascender a ponta da minha varinha? Íris conseguiu, os outros colegas da turma conseguiram, e eu fiquei lá, que nem um idiota, um trouxa que não tem magia. O Professor falou que era um feitiço simples e mesmo assim eu não consegui. O pior de tudo foi Caécius e Íris tentando me apoiar, eu não queria ser apoiado! EU QUERIA CONSEGUIR!
  EU QUERIA TANTO CONSEGUIR FAZER AQUELA DROGA DE FEITIÇO, FEITIÇOS PRECISAM DE VONTADE NÉ? ENTÃO POR QUE? SE MINHA VONTADE ERA DE FAZER, EU DEVIA CONSEGUIR... Eu... eu queria conseguir.
  Desculpa diário, eu acabei escrevendo com tanta força que quase rasguei a página, tá até um pouco difícil de escrever tanto por isso quanto pelas lágrimas que estão pingando em sua folha... Talvez eu devesse tentar de novo.
 
 

 Querido Diário.
Eu finalmente consegui! Um tempo de meditação na comunal e não ter a presença de Íris e Caécius no meu ouvindo dizendo "Você consegue!'' realmente me deram um tempo para conseguir respirar, eu finalmente consegui! Claro, ainda foi imensuravelmente difícil esvaziar a mente, a cada tempo que eu tentava, a única coisa que vinha eram pensamentos horríveis, eu não quero nem reproduzir eles aqui no risco de alguém algum dia ler isso.
Eu queria não ser tão inseguro por dentro, minha irmã achou que eu estava irritado com ela, mas a realidade é que essa falha e esse feitiço só me fizeram ficar irritado comigo mesmo, lembra quando eu escrevi que meu pai dizia que tinha certas coisas que era melhor deixar ir? Pois eu não consegui deixar... Eu parecia estar definhando na sombra da minha irmã. Eu sei que a realidade não é assim, mas como eu poderia me sentir sem ser assim? Ela conseguiu e eu não... Bem, não preciso dizer que, com esses tipos de coisa que eu penso, foi bem difícil entrar naquele estado de concentração que o Professor tinha falado.
Mas eu consegui, eu finalmente consegui iluminar a ponta da minha varinha! Eu consegui conjurar luz! Depois disso, eu não pretendo mais ficar para trás de ninguém, então horas de estudo na biblioteca me esperam (que saco), mas talvez um dia eu fique bom nisso.  

Querido diário...
É com um grande pesar que eu só consigo escrever em você tão poucas vezes, mas meu fim de ano foi tão conturbado que eu não tive nem tempo de atualizá-lo enquanto passei um fim de semana inteiro na Ala hospitalar graças a uma indevida viagem a floresta proibida.
O pior de tudo é que eu ainda tive que correr atrás do tempo perdido para que eu não reprovasse nas matérias, as vezes é muito cansativo ser um estudante nessa escola. Pelo menos as férias foram menos conturbadas, com tudo que aconteceu nosso pai decidiu nos levar para a França e passamos uns bons dias pelo campo, até a Pelada (Decidi nomear o gato assim) curtiu estar num novo ambiente.
Acho que a parte ruim das coisas já passaram um pouco, então posso ter um pouco de esperança para esse Segundo ano, espero que eu, Caécius e Íris tenhamos um bom ano mesmo.

Mais uma vez, querido diário, me encontro na posição de ter que lhe pedir desculpas...
O Segundo ano não tem sido gentil comigo, nem com meus amigos. Já no seu começo, Caécius revelou a sua situação de moradia e não tive outra escolha a não ser pedir que passasse as férias junto a nós, a família toda adorou a ideia, nem pensei eu que isso acabaria se tornando rotineiro, que meus amigos acabariam virando minha família a cada um que eu conhecia e que a casa que já era tão viva, ia acabar se enchendo cada vez mais.
Primeiramente, houve um debate sobre o ensino ou não de Artes das Trevas, e eu, não pude ter outra opinião a não ser uma pela visão utilitária, claro: Se já havia o ensino de Defesa, para que aprender as Artes? Mas o pior daquele dia, foi quando que enquanto minha irmã fazia o ponto dela e falava sem parar, o professor acabou azarando ela para ficar quieta. Diário, você acredita que Caécius teve a coragem de dizer que eu tinha que ter feito algo? Ainda bem que nos resolvemos, mas naquele dia eu nunca me senti tão sozinho em minha vida, principalmente quando ele decidiu que "queria ter uma conversinha comigo". Eu senti medo dele, como que alguém sente medo do próprio amigo?

Depois, ainda houve nossa aula no Lago Negro, onde Illuria fez questão de quase me afundar durante todo o percurso naquele nado no lago negro, ela ficou agarrada em mim e nem sabia nadar e foi grande parte da culpa de no fim daquele dia eu ter caído direto no sono quando cheguei na comunal dado o esforço que foi ter que nadar carregando o que só poderia ser descrito como um saco cheio de ideias que NÃO SABIA NADAR!... Pelo menos, eu tinha aprendido um feitiço novo(oba!) e acabei até encontrando um colar de pérolas velho... acabei dando para o Pêpe(Talvez seja melhor usar esse apelido para o gato...). Ele não gostou muito, talvez ele seja anti-pelo e anti-adereços... que tédio.

Pelo menos, logo esse ano deve acabar e eu poderei ir para casa.

Com todo amor,
 Lucien Marchand (Finalmente lembrei que tinha que assinar essas coisas, acredita na correria?)

Querido Diário.

Eu desisto de ter expectativas, honestamente. A coisa que nos aconteceu foi pior do que qualquer pesadelo que eu pudesse ter ou aquela vez que eu dormi por umas sete horas graças a um erro de receita da Íris. O Fim do Ano acabou sendo uma época tão ruim que eu não sei por onde começar... Vou começar acusando.

                                  MALDITA SEJA VOCÊ E SUA CRIPTA SUJA LE FAY!

Essa porcaria que abriu quando um aluno começou um estardalhaço com um ritual de sangue no MEIO do corredor e acabou com todos nós descendo numa cripta horrível onde nem a luz chegava, lutamos como animais para sobreviver aquilo tudo para sermos recompensados com as dores dela e desde nossa visita, minha mão direita parece sentir um calafrio as vezes e isso só tem piorado, ontem mesmo, enquanto eu estava treinando um feitiço, ele saiu de controle e machucou um colega de casa. Eu machuquei alguém tão fácil assim, tão rápido como se o vento soprasse e puft, alguém tinha se ferido.
Caécius começou a estudar sobre isso e tem certeza que foi por causa da Cripta, então se foi, EU ESPERO QUE QUEM CRIOU ESTEJA ARDENDO EM ALGUM LUGAR, EU NÃO TENHO MAIS CONTROLE SOBRE A MINHA VIDA ?!?! O QUE EU FAÇO? Eu...

Cansei,
   Lucien Marchand.

Diário.

 Eu... Eu não consigo.
 Meu peito ainda dói demais, a mão que segura essa caneta eu sinto doer do tanto que minhas unhas parecem perfurar...
 Por que Caécius Muspel tem sido a maior onda na minha vida?!? Era pra ele ser meu aliado, era pra ele ser meu amigo, ele é família! Como ele conseguiu fazer isso? Pra que?
 Tinham tantas outras formas de lidar com isso, tinha... Íris, Illuria... tinha eu. E mesmo assim ele decidiu performar um ato tão vazio de amor próprio como usar o corpo como uma cobaia? Tinham outras opções, era para ter outras opções, foi para isso que o Bastião foi criado... Era para termos passado por isso juntos! JUNTOS! FOMOS AMALDIÇOADOS JUNTOS. COMO ELE OUSA SE COLOCAR NAQUELA POSIÇÃO? ELE NÃO É UM BODE EXPIATÓRIO OU UMA COBAIA. Quando meus olhos viram o que ele fez com o próprio corpo para ''testar a tensão física''. Diário algo morreu dentro de mim naquele momento, eu sempre o vi diferente... eu sempre gostei de vê-lo, desde aquele maldito dia no Beco Diagonal eu agradeço por tê-lo em minha vida, mas naquele momento, eu senti tudo virar... meu estômago, meu coração, minha própria alma. PRA QUE?! COM QUE DIREITO ELE SE COLOCOU NAQUELA SITUAÇÃO? Eu já tinha percebido suas olheiras, mas eu...
  Talvez isso seja minha culpa, Diário. Talvez se eu tivesse feito algo diferente, nem que fosse não encontrá-lo naquela tarde... Ele não se colocaria em tanta dor por nós, eu quero morrer e quero matá-lo ao mesmo tempo, a única coisa que eu consigo fazer é deixar meus olhos vazarem em lágrimas e mesmo assim não para... Já não custava quase perder Illuria, a petrificação de Sybilla, Hogwarts caindo aos pedaços, eu sou obrigado, por algum destino maldito, ver meu amigo se DESTRUIR na minha frente? Chega. Eu não quero mais ir em reuniões do Bastião, eu não quero mais olhar na cara dele, eu não quero mais sentir nada!
  Eu só quero dormir, por alguns momentos, talvez em sonhos eu consiga voltar... para quando nada disso tinha ocorrido.

Querido Diário,
As coisas mudaram com os anos...
Eu consegui me formar em Hogwarts, acredita? Com todo aquela situação da Morgana, todo dia tinha se tornado uma ansiedade constante desde o momento que acordava até o momento de dormir — Estar entre a vida e a morte se tornou uma rotina. —  Tudo acontecia muito rápido e algumas vezes eu acabei me pegando a pensar: "Será que eu vou conseguir ter aquela loja de chás?"

Mas tudo, como sempre, muda. E como mudou, diário...
Varré não se encontra mais entre os vivos, perdemos ele na Batalha da Câmara Secreta(Nome escolhido pelo próprio Profeta Diário, eu odiei.). E honestamente, por mais que ele tenha morrido, ele consegue viver aos poucos nas nostalgias de meu pensamento. Tanto que esses dias, numa das raríssimas reuniões que fazíamos, o Bastião decidiu visitar o espaço no Cemitério que deixamos para ele e trocamos histórias sobre o que fazíamos da vida, quase como uma velha conversa entre colegas.(ou uma reunião de Bruxos malucos... Você decide.)

Falando naqueles malucos, Illuria me mandou uma das cópias do Livro dela: "Magia Oriental e suas vertentes no ocidente.". Como um leitor, eu achei o livro dela ótimo. — Já como amigo, eu tenho certeza que ela não escreveu quase nada sobre criaturas marinhas, porque provavelmente ainda tem um terror a nadar que acredito que nem o Daedra consiga lidar. Sem contar que; Órion comentou que quando ela veio nos visitar para entregar o livro, ela parecia envergonhada em perguntar alguma coisa. Então suspeito que ela continua sendo a Illuria que eu conheci e lutei com, mesmo que agora seja uma grandiosa escritora.

Íris não parou de usar a maquiagem gótica, ela diz que ajuda no ambiente da loja de advinhação dela e eu honestamente acredito que ela não só vê o futuro mas já deve ter amaldiçoado a família de uns 3 bruxos que duvidaram de suas previsões. Ela e Caécius nunca se casaram e eu acho que nem precisa, os dois tem algo entre eles que eles chamariam de paixão, eu preferiria usar o termo "Folie à deux", mas sei que eles estão mais felizes do que nunca e isso é o bastante para todo o Bastião e para mim. Eu envio-a cartas periodicamente. — a última, se bem me lembro, era sobre onde ela iria querer causar problemas no Natal.

Você se lembra de quando eu lhe perguntei se não tivesse um nome, se eu seria mais feliz? Hoje eu tenho a resposta: Jamais.. Até porque, se eu não tivesse um nome, pelo que Órion me chamaria? Ah é, eu nunca chamei ele pelo nome com você, não é? Órion Scamander. Foi ele que me deu a ideia de fazer uma loja de Chá e foi ele o menino que eu conheci nas escadarias no quarto ano e é ele o homem com quem prefiro passar o resto da minha vida.(Sim, eu sei, meio dramático da minha parte) Mas eu realmente tenho nele a paz que eu nunca achei que teria. Acabei decidindo ir com ele para Cotswolds e cuidar da loja quando ele, numa bela tarde de verão do nosso sétimo ano, quando, após corrermos atrás do Niffler dele que tinha fugido e pego umas 20 taças douradas, ele decide me perguntar: "Para onde vais?" e eu, claramente apaixonado por ele e naquela aventura que ele tinha se tornado para mim disse: "Para onde fores". Nunca vou me arrepender dessa escolha... Acredita que ontem mesmo ajudamos Kelpies feridos? Quase nos afogamos quando aqueles cavalos(Que honestamente me lembravam a cara da Briseide) nos arrastaram para o fundo do lago, mas valeu a pena quando depois que saímos, ele olhou para mim e começou a falar de como isso seria ótimo para o livro.

Ah é! Acabei aceitando tomar conta da loja de chás mesmo, toda a pequena população de Cotswolds acaba vindo aqui tomar um bom chá de ervas restauradoras. Claro, muito graças ao meu jeito talentoso de cuidar de plantas e cozinhá-las. As vezes, depois que eu e Órion fechamos a loja, nos sentamos na varanda da casa e tomamos aproveitamos o por do sol com um pouco de chá e tudo parece ótimo. A Maldição de LeFay não me afeta mais a anos, tudo está... em paz.

É a última vez que lhe escrevo, diário.

Agradeço-lhe por tudo,
Lucien Achilles Scamander Marchand.